Com PIB baixo, mercado vê espaço curto para redução dos juros no país
21 de Agosto de 2012 às 09:32
por: Vânia Cristino
![]() |
|
Indústria automotiva já vê resultado dos incentivos fiscais dados pelo governo |
Para José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator o Copom, comandado por Alexandre Tombini já conseguiu um grande feito: colocar a taxa Selic num patamar bastante baixo sem que, com isso, a inflação disparasse. “O Copom já trouxe a Selic para um patamar inédito”, disse Lima Gonçalves ao se referir a taxa de 8% ao ano, a mais baixa da história e, mesmo assim, a inflação esperada não passa de 5,5% ao ano nas análises de mercado. É um pouco fora da meta cheia, de 4,5%, mas ainda confortavelmente dentro da margem de segurança de dois pontos para mais ou para menos.
Se, de fato, o Copom baixar os juros em mais 0,5 ponto percentual, a taxa anual cairá para 7,5%, novo recorde histórico de baixa. Neste patamar, os juros reais estarão em torno de 2% ao ano, uma taxa bastante baixa para um país como o Brasil. Lima Gonçalves ainda observa que essa taxa real baixa é próxima de zero se for ponderada pelo risco Brasil, entre 150 e 200 pontos, que é a conta que o investidor internacionl faz na hora de aplicar no país.
Na avaliação de Lima Gonçalves dá para ficar com essa taxa Selic durante um bom tempo, sem que o Banco Central tenha que puxar os juros para cima em 2013, por exemplo e, mesmo com crescimento, não deixar a inflação fora de controle. Mas essa não é a opinião de Jankiel Santos, economista-chefe do BES Investimento. Ele também aposta numa queda de 0,5 ponto na próxima reunião do Copom. Mas, para 2013, com o crescimento retomando fôlego, Santos disse que não terá como o Copom não iniciar novo ciclo de alta. “Os juros terão que subir. Caso contrário a inflação explodirá”, explicou.
Já Eduardo Velho, economista-chefe da Planner Prosper Corretora, acredita que virá um corte adicional de pelo menos 0,25 ponto percentual na reunião de outubro. “ Também avaliamos menor probabilidade de uma alta dos juros em 2013, em função da sinalização de maior convergência das expectativas”, ponderou.
PIB em baixa É também a avaliação dominante no mercado que ontem, mais uma vez jogou para baixo a expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), agora em 1,75%. Os economistas, entre eles Eduardo Velho, já estão mais pessimistas em relação à variação do PIB. Muitos trabalham com a possibilidade da economia crescer em torno de 1,5% este ano.
Mais uma vez a baixa na previsão do mercado deve-se ao setor industrial. A projeção para a indústria em 2012 passou de uma retração de 1% para 1,2%. É o 12º recuo consecutivo na previsão. Enquanto o PIB cai, a inflação só faz subir, mas a alta é comportada, desta vez de 5,11% para 5,15%. Há quatro semanas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estava em 4,92%.
Fonte: Correio Brazilense