Reclamações contra barulho sobem 41% em Belo Horizonte
Sexta-feira, 22h. Enquanto para algumas pessoas é o começo da diversão do fim de semana, para outras é o início dos incômodos gerados pelo barulho cada vez mais alto de casas noturnas, bares e até de brigas entre vizinhos. Levantamento feito pela Polícia Militar a pedido de O TEMPO mostra que houve um aumento de 41% nas reclamações de perturbação do sossego de janeiro a 25 de julho deste ano em comparação com o mesmo período de 2011.
As reclamações têm como base a Lei do Silêncio, criada na capital em 2008, para limitar o barulho emitido pela população e por estabelecimentos comerciais. Diariamente, a média é de 16 chamados para os militares. Nos fins de semana, esse número chega a 25 mil ligações em um só dia, segundo a Polícia Militar. A maior parte das ocorrências, 70% delas, está relacionada a brigas de vizinhos e música nos cerca de cem bares com apresentações ao vivo da cidade.
De acordo com o Comando de Policiamento da Capital (CPC), o barulho à noite se intensifica a partir de sexta-feira, entre 22h e 22h59. Apenas nesse intervalo, a média é de 3.500 reclamações. Um pouco mais tarde, entre 23h e 1h59, a média sobe para 5.500 ligações.
"Para mim, esse meio da madrugada é o pior horário de todos. Muita gente volta das boates e dos barzinhos e faz uma bagunça na rua. No fim de semana, sempre tomo remédio para dormir, porque não dá de outro jeito", disse a aposentada Maria Tereza Lara, 64, que mora há 25 anos no tradicional e boêmio bairro Santa Tereza, na região Leste.
Entre 2h e 2h59, horário em que o entregador de jornais Marcos Pereira, 31, já está na rua, as ligações caem para uma média de 4.000. "Quando tem festa aqui na região, principalmente no fim de semana, eu não consigo dormir. E acordo muito cedo", disse o morador do bairro São Geraldo, também na região Leste.
Crescimento. Em um ranking dos dez bairros mais barulhentos da cidade, quase todos os listados tiveram aumento de no mínimo 25% nas reclamações de perturbação do sossego (veja gráfico ao lado). A única exceção é o bairro de Lourdes, na região Centro-Sul, com queda de 9,6%.
Campeão das reclamações, o hipercentro registrou aumento de 67% nas ligações. "É um inferno. Eu me acostumei porque moro minha vida toda no centro. Mas tem dia que a televisão fica no volume máximo e não dá para ouvir nada por causa do barulho vindo dos bares e das pessoas nas ruas", disse a estudante Luana Roteia, 23.
Único a registrar queda nas reclamações junto à Polícia Militar, o bairro de Lourdes, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, conseguiu a mudança depois que seus comerciantes se adaptaram. A queda foi de 9,6%, passando de 354 no primeiro semestre do ano passado para 320 no mesmo período de 2012.
Para não ouvir mais reclamações dos vizinhos, a comerciante Laura Motta, 29, sócia de um café na região, decidiu contratar um funcionário especificamente para cuidar do barulho. "Ele fica na porta com um uniforme escrito Lei do Silêncio. Qualquer problema com os clientes é resolvido na hora", afirmou.
Outra alternativa foi a instalação de toldos acústicos. Segundo o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte e Região Metropolitana (Sindhorb), Paulo César Pedrosa, o material requer um investimento de até R$ 10 mil e tem sido usado por vários bares da região.
"Isso evita aquele desconforto de barulho nas áreas mais externas do ambiente e gera menos reclamações de vizinhos também", disse. (LS)
Fonte: O TEMPO