Pacientes com câncer poderão congelar gametas de graça

25 de Marco de 2013
por: Telma Gomes

Para a estudante Gleica Souza Franco, 22, o sonho de dar um irmão à filha de 3 anos pode não se realizar. Há um ano e meio, ela é submetida a sessões de quimioterapia que podem ter comprometido sua fertilidade. Para evitar que outras pessoas com diagnóstico de câncer tenham o desejo de ter filhos comprometido pela quimioterapia, foi criada uma lei estadual que garante a gratuidade no tratamento de reprodução assistida e oferece a chance de os pacientes congelarem seus gametas (óvulos ou espermatozoides).

Inédita no país, a Lei Estadual 20.627 permitirá que pessoas que não podem pagar pelo congelamento utilizem o método para ter um filho por meio de reprodução assistida, também oferecida gratuitamente. Atualmente, apenas a rede privada realiza o procedimento, com valores que variam de R$ 6.000 a R$ 10 mil.

A legislação, criada com base na proposta do deputado estadual Wilson Batista e sancionada pelo governador Antonio Anastasia em janeiro, aguarda a regulamentação. Para realizar o congelamento, o governo de Minas irá estabelecer parcerias com clínicas particulares. Homens e mulheres que ainda não começaram o tratamento do câncer serão beneficiados.

Críticas. Entre os médicos especialistas em reprodução assistida, a lei é alvo de elogios, mas também de ressalvas. O oncologista do Hospital Mário Pena, Luiz Adelmo Lodi, destaca que a principal carência dos pacientes na saúde pública é referente às cirurgias do câncer. "Há defasagem também em biópsias e em procedimentos de média complexidade. Posso dizer que entre meus pacientes, mesmo jovens, a preocupação em manter a fertilidade é secundária", afirma.

Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, Amândio Soares Fernandes Júnior, também é preciso investir mais no diagnóstico. "A incidência de câncer no Brasil é de 520 mil casos por ano. Minas é responsável por 10% desse universo. É importante destacar que o câncer é mais comum entre idosos. A abordagem correta da doença, desde o diagnóstico, é fundamental para o paciente. Infelizmente, os diagnósticos ainda são tardios", diz.

O secretário adjunto de Estado de Saúde, Francisco Tavares, também classifica a nova lei como um avanço, mas destaca que o governo de Minas manterá seu foco no fortalecimento da atenção primária à saúde e na prevenção de doenças.




Tratamento
Metade das mulheres fica infértil
O professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Selmo Geber, especialista em reprodução assistida, explica que, durante o tratamento, 50% das pacientes podem perder seus óvulos. Já a taxa de sobrevivência do óvulo após o descongelamento é de 90%. "Por isso, a técnica é uma ótima alternativa".

Para o ginecologista Alexandre Ravski, a lei beneficiará os pacientes de maneira "fantástica" por tornar o congelamento uma opção acessível. (TG)
Fonte: O TEMPO

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