Venda e aluguel de imóveis no IAPI dobram de preço

18 de Fevereiro de 2013
por: Janine Horta
Desde que o conjunto IAPI, no bairro São Cristóvão, em Belo Horizonte, recebeu pintura nova, concluída em meados do ano passado, houve valorização de até 100% no valor dos aluguéis e na venda dos apartamentos. Para conseguir alugar uma quitinete ou apartamento de um quarto, por exemplo, hoje há 22 pessoas numa fila de espera.

Quem informa é a corretora de imóveis e advogada Alcione Rodrigues, que conhece bem o IAPI, pois é também uma das moradoras do conjunto. "Quem procura as quitinetes geralmente são pessoas solteiras, ou casais sem filhos, que trabalham no centro, distante 15 minutos a pé ou cinco de carro", diz.
A corretora conta que o IAPI, que fica na avenida Antônio Carlos, tem despertado o interesse também de pessoas que frequentam a igreja Batista da Lagoinha, que fica bem em frente, do outro lado da avenida.

Segundo ela, aluguéis de apartamento de um quarto, que antes giravam em torno de R$ 270, hoje chegam a R$ 600, fora o condomínio, que custa de R$120 a R$ 400, dependendo da administração de cada prédio.

"Os imóveis demoram a vagar, pois quem mora aqui não quer sair. Mas quando isso acontece, praticamente dobram de preço. E assim que ficam vagos os imóveis, em uma semana já estão alugados de novo", diz ela.

Em relação à venda, apartamentos de um ou dois quartos também estão valendo bem mais. "Passaram de R$ 60 mil, há dois ou três anos, dependendo do tamanho, posição no prédio e benfeitorias no imóvel, para cerca de R$ 150 mil", diz o presidente da Associação de Moradores do IAPI, Carlos Alberto Pinheiro de Mendonça Júnior, conhecido como Juninho do IAPI.

Sem IPTU. Os nove edifícios têm de cinco a 11 andares, num total de 928 apartamentos, e agora estão pintados por fora nas cores amarela e ocre. Fundados em 1948, eles estão tombados por sua importância histórica e arquitetônica desde 2007 pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural da cidade. Assim, os moradores são isentos do IPTU, o que torna as moradias ainda mais atraentes.

Não há garagens, mas os carros "dormem" quase sem problemas nas ruas. Alguns prédios possuem cercas de grades que funcionam como garagens. Há também porteiro 24 horas. Dentro do conjunto há uma escola municipal, quadras de esporte, praça, armazém, locadora, ponto de táxi, barzinho e a igreja de São Cristóvão.
 
Orgulho
Moradores se sentem seguros
 
Além de fazer mais que dobrar o preço de aluguel e venda no conjunto IAPI, a pintura nova trouxe valorização cultural e até emocional para seus moradores. "A pintura `acendeu´ o conjunto", resume a promotora de eventos e blogueira Kátia Santos, que mora lá.

A pintura foi feita por empresas privadas por meio do programa "Adote um Bem Cultural", da Prefeitura de Belo Horizonte.

No blog de Kátia (iapibh.blogspot.com.br), os moradores anunciam apartamentos para venda e aluguel, e comentam sobre a vida no conjunto. "Hoje temos orgulho de morar aqui, mas já passamos por fases de preconceito. O IAPI era considerado um lugar inseguro e feio. Hoje está muito bonito e é bem familiar e seguro. Aqui vemos as famílias brincando com as crianças nas praças, a convivência é ótima, os moradores podem deixar os carros nas ruas", garante Kátia.

As câmeras e outras benfeitorias feitas pela prefeitura na Pedreira Prado Lopes, vizinha ao conjunto, contribuíram para o aumento da segurança. "Hoje não temos mais problemas com a vizinhança. Há muito o que comemorar neste ano em que o conjunto IAPI está fazendo 65 anos".

O conjunto tombado pelo patrimônio histórico foi inaugurado em 1948 como Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários. Seu projeto, feito pelo arquiteto White Lírio Martins durante a prefeitura de Juscelino Kubitschek (1940-1945), inaugurou a verticalização das moradias populares na capital mineira. (JH)
Fonte: O TEMPO
 

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